Caminhando, eu comigo mesma - viajando dentro do que posso
chamar de meu âmago - encontrei imagens que não podia se quer antes ser notada,
já que só consigo as ver em movimento. Acelerei os passos. Viajei. Parei. Senti
então a doce amargura das lágrimas que escorriam de meus olhos, caminhavam pela
minha face e encontravam o chão já molhado. Chovia. A chuva intensa me tirava
da concentração, e a cada momento pressentia um total mundo de ilusão. Caí ao
chão. Desmoronando meu corpo, senti a frieza e a dureza do asfalto e da chuva caindo
em minha pele, arrepiando minhas emoções e pulsando meu sangue. O medo tomou
conta de mim, pavor da solidão. Permiti-me fechar os olhos, alcancei o céu,
talvez o inferno. Ouvi os gemidos e o ranger dos ventos, como a madeira
no inverno congelando. O asfalto
engolia minhas mãos na sujeira e na lama do anonimato. Grandes sonhos, grandes
pesadelos. Cruéis fatos. No véu da escuridão, lancei meu corpo contra o vento -
deitada, inerte aos meus princípios e aos pensamentos que me rondavam a vista -
mesmo cansada permiti meu pensamento voar.

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